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Literaturas Africanas de Língua Portuguesa: Clube do Livro do IFMT Cáceres debate colonização, africanidade e identidades negras em palestra com professora Susanne Castrillon

Publicado por: Campus Cáceres / 26 de Agosto de 2019 às 15:51

O Panorama das Literaturas Africanas em Língua Portuguesa foi tema da atividade do Clube do Livro do Instituto Federal de Mato Grosso, IFMT Campus Cáceres – Prof. Olegário Baldo, realizada na última semana (22.08), com a contribuição da palestrante convidada, professora Susanne Maria Lima Castrillon. Com enfoque para Colonização, Africanidade e Identidades negras, Susanne provocou reflexões sobre a produção da atividade literária em meio a processos de escravidão, violência, negação de identidades geradas por invasões coloniais.

“Eu fui convidada para falar sobre As literaturas africanas de língua portuguesa pensando um pouco sobre o processo colonial e as identidades negras. Eu acho que isso é importante tendo em vista que o colonialismo, ele é um processo que foi e que continua. E que a gente só vai ter uma libertação dessa violência física e psíquica sobre as identidades negras, indígenas, seja qual for, a partir do processo de leitura e escrita, afirma Susanne.

Doutora e mestre em Letras e licenciada em Língua Portuguesa e Inglesa e suas respectivas literaturas, Susanne é professora aposentada da Universidade do Estado de Mato Grosso e acumula experiência na área de Literatura Comparada com temas como identidade, imaginário, cultura, colonização e escravidão. Para a professora espaços de reflexão sobre essas temáticas e os textos sobre literaturas africanas em língua portuguesa trazidos para o Clube do livro tem o propósito de contribuir com a abertura da consciência da maneira de ser e estar nas nações, o que passa também pelo conhecimento da identidade brasileira.  

“Eu não estou falando apenas da identidade negra de África, mas de uma identidade negra de África que pousou em 1480 no Brasil, em senzalas, passou por quilombos e até hoje, nós vemos a necessidade de expansão de conhecimento de quem nós somos”, pontua Susanne.

Entre as abordagens, a professora trouxe reflexões sobre a Lei 10.639/2003 que trata da obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nos currículos da educação básica e as dificuldades de implantação causadas, segundo Susanne, pelas estruturas do sistema educacional brasileiro e de suas bases ideológicas racistas, também presente na formação inicial e continuada de professores e na produção dos livros.  

Ao refletir sobre o Sistema Literário dos países africanos de Língua Portuguesa, a professora apresentou aspectos da Literatura de Cabo Verde, Moçambique, Timor Leste e de Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, construída em meio a processos de colonização que resultaram em invasão de terras, em escravidão, extermínio de povos e etnias. Ela lembrou ainda a invasão colonial portuguesa na Índia e no Japão, com a literatura de Macau e Goa. Para Susanne, o colonialismo europeu além da negação da personalidade do outro em processo de repressão que inferioriza identidades e estimula a assimilação da identidade colonizadora, promoveu e promove a aniquilação como cidadão africano e precariza a identidade africana. Ao mesmo tempo, segundo a pesquisadora, é produzida uma literatura de combate e resistência com a atividade literária junto à organização política.

Entre os textos abordados, Susanne ilustra três estágios da literatura neste contexto de colonialismo. O primeiro momento considerado como estado de alienação foi refletido em trechos de obra do escritor de Angola, José da Silva Maia Ferreira (1849). O segundo momento de percepção de regionalismo com discurso do meio sociocultural o que desvela um movimento de resistência foi ilustrado com trecho do poeta de São Tomé e Príncipe, Francisco José Tenreiro (1942) e o Terceiro momento de consciência de colonizado, de raízes na realidade e reconstrução da individualidade, foi problematizado a partir de trecho de obra do autor de São Tomé e Príncipe, Marcelo da Veiga (1975).

“O que podemos apontar como ‘vantagem do colonialismo’ é que a repressão violenta produz atividade literária junto à atividade politica. O colonialismo faz um sujeito de combate e um sujeito de resistência”, afirma Susanne refletindo sobre as contribuições das reflexões para o momento de hoje. “Na contemporaneidade precisamos ser e sentir a nação em que a memória cultural interage e reinventa identidades”, considera a professora.  

Clube do Livro

Aberta a comunidade interna e externa, envolvendo familiares de estudantes, de servidoras e servidores e colaboradoras e colaboradores do IFMT Campus Cáceres, as atividades do Clube do Livro são realizadas todas as quintas-feiras, com a disponibilização de obras no saguão do campus, em espaços de leituras e de reflexões, incluindo palestras, rodas de conversa e a difusão de textos autorais.  O trabalho é coordenado pelas professoras e professores da área de linguagem do IFMT Cáceres, Maribel Chagas de Ávila, Claudinéia de Assis Maldonado Pinho, Denise Dalmás Rodrigues, Inêz Aparecida Deliberaes Montecchi, João Vanes da Silva Tobias, Luciano Paulo da Silva e Marcos Aparecido Pereira. 

 

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